- Pensei que você prefira Paris, sabe, por você ser artista
plástica, e lá ser praticamente uma grande galeria a céu aberto.
- Mas aqui também é assim
- Mas eu acho que Paris tem um pouco mais de classe, aqui é
tudo muito urbano.
- A arte urbana é a que mais me impressiona.
Não demorou muito
tempo e voltamos para o hotel, nos despedimos e entramos cada um em seu quarto,
eu entrei e logo fui para chuveiro, não parava de pensar em como eu e o Jan
combinávamos, e então me veio na mente a conversa que eu tive mais cedo com a
Manuela, será que eu e ele daríamos certo ou será mesmo que um amor a distância
não iria funcionar para mim? Bom, só tinha uma forma de saber que era tentar.
Imediatamente sai da
cama onde eu estava sentada, e fui ate o quarto dele, eu não entrei de imediato
e antes que eu pudesse bater eu ouvi uma voz lá dentro, e minha reação foi
encostar o ouvido na porta para tentar ouvir alguma coisa, mas tudo o que eu
consegui foram ruídos de conversas, e foi só quando eu escutei uma voz de
mulher que eu tive coragem de bater na porta, ele abriu bem rápido, achei ate
que eles estivessem esperando alguma coisa, talvez serviço de quarto.
Ele estava sem camisa em frente à porta, e na cama tinha uma
mulher com uma taça de vinho na mão:
- Ai, desculpa, eu não... Eu não sabia que você estava
ocupado, eu... Eu volto mais tarde.
Eu estava usando todas as minhas forças para focar no rosto
dele, e ignorar totalmente aquele tanquinho ali exposto:
- Não, imagina você não está atrapalhando, Frida essa aqui é
Roberta e Robe essa aqui é a Frida.
Ele nos apresentou, mas eu continuei sem entrar no quarto:
- Então, é, Jan eu vim aqui para te chamar para uma
exposição de arte urbana que vai ter no Brooklin amanhã.
Eu fiquei esperando que o Jan respondesse, mas quem
respondeu foi a Frida:
- Que pena, mas amanhã não da, ele tem um compromisso
comigo.
- Ahh, então tudo bem, boa noite, e desculpa ter incomodado.
Ele também disse boa noite e fechei à porta, eu percebi o
que estava acontecendo, eu estava sobrando na história, outra vez.
Quando eu acordei,
estava decidida que não deixaria a ausência do Jan me impedir de ir à
exposição. Aproveitei o dia para dar umas voltas pela cidade, parar em algumas
galerias de arte, mas mesmo tentando manter os pensamentos longe dele, eu não
conseguia, pegava o celular a todo o momento para ver se o Jan tinha me ligado,
ou mandado um torpedo, mas infelizmente ele não havia me dado nenhum sinal.
Eu passei o dia sozinha vagando pelas ruas de Nova York, até
que eu vi que eram quase 18h20min, e então fui para o hotel tomar um banho e
ver se os meus vizinhos.
De quarto queriam jantar, quando estava procurando o cartão
do quarto em minha bolça para abrir a porta, a Manu saiu do elevador e veio em
minha direção:
- Oi, não te vi hoje, bati no seu quarto para te chamar pra
almoçar, mas você não estava.
- Eu acordei mais cedo hoje, tinha uma exposição para ver.
- Bom, já que eu não te achei pro almoço, eu fiz reserva
para eu, você e Jan aqui no restaurante do hotel, se arruma que eu passo na sua
suíte daqui 30 minutos, ai nós vamos chamar o Jan.
Eu concordei e ela saiu saltitante. Eu entrei na suíte e fui
direto pro chuveiro, como eu não tinha visto o Jan o dia todo, eu caprichei um
pouco mais no visual, estava usando um vestido azul escuro de alcinha, era
rodado e tinha uma barrinha de renda branca, como eu estava cansada por ter
andado o dia todo, preferi usar uma sapatilha, quando a Manu bateu na porta eu
estava terminando a minha básica maquiagem:
- Pronta?
- Quase, só estou terminando
minha maquiagem.
- Vamos rápido ai Cinderela, ainda temos que chamar seu
príncipe.
Eu ignorei o comentário, e terminei de passar meu batom.
Nos duas estávamos na frente da porta do quarto do Jan
esperando ele abrir. E mais uma vez a cena se repetiu.