Eu acordei no meu quarto na casa dos meus pais, o Alex
estava ao meu lado, deitado com os braços ao meu redor, e quando eu acordei e
acendi o abajur, ele imediatamente acordou:
- Oi, como você está?
- Oi.
- Você deve estar um pouco confusa, lá no hospital eu te dei
um daqueles calmantes da Manu.
- Onde estão minha mãe e minha irmã?
- Eu dei um calmante para elas também, todas estavam muito
nervosas.
- Me abraça?
E então ele me puxou
para mais perto:
- Eu não quero ficar aqui.
- Como assim?
- Tudo nessa casa me lembra ele, e essas lembranças me
causam dor, eu....eu quero ir para um hotel, não posso ficar aqui.
Eu me sentia como se
alguém estivasse arrancado um pedaço de mim, eu não conseguia parar de chorar,
por mais que eu quisesse:
- Então vamos para um hotel.
- Alguém falou sobre.....o....o funeral?
- Seu pai deixou tudo preparado, vai ser amanhã as 8h20.
- E onde o corpo....onde ele está?
- Está sendo preparado para o funeral.
Doía tanto saber que
eu nunca mais o veria. Eu levantei da cama e fui até minha escrivaninha, peguei
um caderno e uma caneta, e depois voltei para os braços do Alex:
- O que você vai fazer?
- Eu quero escrever um elogio fúnebre para o meu pai.
Foi muito difícil
escrever, porque eu não conseguia parar de chorar.
Eu não tinha dormido
quase nada, e pela cara da minha mãe, ela também não, quando eu cheguei na
sala, todos já estavam lá, vestidos de preto, dei um abraço na minha mãe e na
minha irmã.
Quando chegamos ao cemitério e vimos o caixão do meu pai,
minha mãe e minha irmã começaram a chorar, já eu, bem, eu achava que já não
tinha mais lagrimas no meu corpo, mas percebi que estava errada, quando eu
levantei para ler os elogios fúnebres:
- Eu nunca tive uma morte próxima na família, nunca perdi
alguém que eu amasse. Quando meus avós se foram eu era muito pequena para
sentir alguma coisa ou me lembrar de alguma coisa, mas agora eu posso contar
como é, e meu deus, como dói, parece que tiraram um pedaço de mim, ou que estou
sendo sufocada e já não tenho ar nos meus pulmões. Eu li uma vez que "
Aquele que nos ama, nunca nos deixa de verdade" e eu acredito nisso,
acredito que meu pai não nos deixou, ele só foi para um lugar onde a vista é
melhor.
Enquanto eu falava as
lagrimas escorriam pelo meu rosto. Quando chegamos à casa demos todos de cara
com o testamenteiro da família:
- Olá a todos, eu queria desejar meus pêsames a vocês.
- Obrigada Marcos.
- E eu vim aqui também para abrirmos o testamento.
- Nós gostaríamos de deixar isso para depois.
- Eu entendo, mas seu pai me deixou ordens para abrir o
testamento assim que ele fosse enterrado, ele não queria que vocês ficassem de
luto por muito tempo.
Eu sabia que meu pai
não queria que ficássemos de luto. Esperamos o advogado chegar e então fomos
para o escritório, eu, o testamenteiro, o advogado, minha mãe e minha irmã.
O testamenteiro abriu
uma maleta e tirou de lá de dentro algumas folhas de papel, e começou a ler o
que meu pai tinha deixado para cada um:
- Para Tatiana, minha esposa deixo o apartamento no Rio de
Janeiro, o barco que está em Santos, deixo também a casa de São Paulo, onde ela
e minha filia mais nova vivem
atualmente, mas esta casa só poderá ser vendida com o consentimento de minhas
duas herdeiras, deixo para ela também 5%da empresa, fora dinheiro em conta,
carros e objetos de valor.
Minha mãe não falou nada, mas pareceu ficar um pouco
desapontada por ter ficado só com 5% da empresa:
- Para Alice, minha filha mais nova, eu deixo o apartamento
na Florida, 25% da empresa, 50% dos meus investimentos, no qual ela só poderá
mexer quando completar seus 21 anos de idade, deixo para ela também dinheiro em
conta, objetos de valor, e carros.
Minha irmã não expressou qualquer tipo de reação, mas já
minha mãe, pareceu bastante incomodada:
- Agora para Roberta, minha filha mais velha, eu deixo todo
o meu acervo de arte, tanto o pessoal quanto o da empresa, deixo também para
ela 60% da empresa, tornando-a assim, a acionista majoritária, e também os outros 50% dos meus
investimentos, deixo também carros e objetos de valor. É por fim, deixo 10% da
empresa para serem divididos entre os meus funcionários mais leais.
Depois de assinar
todos os papeis necessário, nós fomos para a sala de estar:
- Então filha, agora que a cadeira presidência é sua, você
não vai mais voltar para Nova York ?
- Vou sim, eu fiz uma promessa para uma pessoa.
- E a empresa? Como você pretende fazer?
- Eu vou escolher alguém de minha confiança e que também entenda de negócios para ser meu
representante na presidência.
E nesse exato
momento a expressão dela mudou.