quarta-feira, 15 de abril de 2015

Capitulo 26

Mãe, podemos conversar?
- Podemos.
  Fomos até meu quarto, sentamos na cama:
- Eu queria te pedir desculpas, mas é que eu fiquei muito brava com toda a situação.
- Eu entendo. Sabe, eu sempre amei seu pai, sempre, desde o primeiro momento que eu o vi no campus da faculdade, e então nós ficamos juntos, namoramos e casamos, e o amor só aumentou, eu sempre respeitei seu pai, e quando ele me contou que estava doente foi um choque muito grande, porque eu não queria ficar sem ele. Mas eu li uma vez que "Não importa quão grande seja o amor que você sente por uma pessoa, esse amor nunca será maior do que a dor da saudade deixada por ela". E é verdade, nós duas sabemos disso muito bem. Enquanto vida o Olavo teve, eu nunca, nunca trai ele, e acredite em mim ou não, eu jamais vou amar alguém da forma que eu o amei.
  Enquanto ela falava as lagrimas escorriam pelo seu rosto, e eu acreditei em cada palavra dela, em toda a minha vida, eu nunca acreditei tanto em uma pessoa como eu acreditei na minha mãe naquele momento.
  O Alex chegou com as passagens, ele tinha conseguido pegar no mesmo avião que a irmã dele:
- Com qual das suas irmãs nós vamos viajar?
- Com a Marina, o restaurante dela em Nova York está quase pronto então ela já tem que ir. 
- Hum, e ela vai ficar na sua casa, porque eu me lembro de você falando que uma irmã sua ia ficar um tempo na sua casa.
- Não, vai ficar na casa do Bernardo.
- Ela ainda namora com o Bernardo? Caramba.
- Agora ela é noiva dele. Por incrível que pareça, ela é minha única irmã que está noiva, porque você sabe que ela sempre dizia que nunca iria se casar.
- Eu sempre achei que a Letícia fosse se casar primeiro, ou talvez a Camila, mas não a Marina.
- Eu sempre achei que eu fosse casar primeiro, ou melhor, ainda acho.
 Ele me puxou pela cintura, e eu coloquei os braços ao redor do seu pescoço:
- Não, acho que vou fazer você sofrer um pouco mais.

  Nós rimos e então começamos a arrumar as malas. Depois de me despedir da minha família nós fomos para o aeroporto, e encontramos a Marina na fila para despachar as malas, eu e ela éramos amigas bem antes de eu começar a namorar o irmão dela, mas quando os dois foram para o Canada, eu acabei perdendo contato: 

Capitulo 25

Já tinham se passado uma semana desde o enterro do meu pai, e por incrível que pareça, eu e minha mãe estávamos nos dando super bem.
 Eu acordei e fui tomar café da manhã, meu namorado e minha irmã já estavam na mesa, eu dei um beijo no Alex e um na cabeça da Alice, e então eu percebi que além do lugar da minha mãe, tinha mais um sobrando:
- De quem é esse lugar? Estamos esperando alguém
Quem me respondeu foi à copeira Janaina:
- Esse lugar é de senhor Gabriel.
- Ele vem para o café?
- Não senhora, ele dormiu aqui.
- Mas eu passei pelo quarto de hospedes e esta vazio, onde ele dormiu ?
 E minha primeira reação foi olhar para a minha irmã, que estava com a cabeça abaixada:
- Alice?
 Eu estava chocada, ela não respondeu nada, só ficou de cabeça baixa, e foi então que minha mãe chegou:
- Bom dia.
 Quando ela falou isso, ninguém respondeu, eu só olhei:
- Eu quero falar com você, vamos ao escritório.
- Você pode esperar só eu tomar meu café?
- Não, tem que ser agora.
 Ela levantou da mesa e me seguiu:
- Eu achei que você fosse esperar até chegarmos à empresa para me nomear, ai  não teria que ficar repetindo...
- Para, eu não quero e não vou nomear você, e também não te chamei aqui para falar sobre isso, eu quero falar sobre o Gabriel ter dormido aqui.
 Eu achei que ela não fosse ficar chocada ou algo do tipo quando eu falei sobre a empresa. Mas ficou, e ela mudou drasticamente, seu tom de voz ficou frio:
- Então você já sabe?
- Sim, e eu acho que devíamos conversar com a Alice, porque está na cara que ele só está interessado no que ele pode sugar dela.
- Alice?
- Sim, ele dormiu aqui com ela essa noite.
- Ele não dormiu no quarto dela, ele dormiu no meu.
- O QUÊ?
 Eu fiquei em fúria, eu sentia como se as minhas veias estivessem em chamas:
- Eu vou repetir...
- EU JÁ ENTENDI DA PRIMEIRA VEZ, EU SÓ NÃO ESTOU ACREDITANDO! FAZEM 7 DIAS QUE NÓS ENTERRAMOS O MEU PAI, O HOMEM QUE VOCÊ JUROU AMAR E RESPEITAR, NÃO SEI SE VOCÊ SE LEMBRA DISSO.
- EU AMEI O SEU PAI! AMEI E RESPEITEI-O ATÉ O ULTIMO INSTANTE DA VIDA DELE!
- AHH, POR FAVOR, VOCÊ NÃO ESPEROU NEM O CORPO DELE ESFRIAR PRA COLOCAR OUTRO CARA NA CAMA.. 
- CHEGA! Eu não vou ficar aqui ouvindo seus desaforos.
 Ela saiu do escritório e foi andando em direção a sala de estar, e eu fui atrás dela:
- COMO VOCÊ TEVE CORAGEM, COM AS SUAS DUAS FILHAS DE LUTO DENTRO DE CASA, COM A MINHA IRMÃ SOFRENDO!
- CHEGA! CHEGA ROBERTA! EU QUERO QUE VOCÊ PARE AGORA!
- EU NÃO TENHO MAIS 10 ANOS, EU NÃO OBEDEÇO MAIS VOCÊ!
- Eu sou sua mãe e exijo respeito!
- VOCÊ TRAIU O MEU PAI!
   E nesse momento o Gabriel começou a descer as escadas, e quando ele percebeu a cena, parou e ficou olhando:
- DEVE TER SIDO DIVERTIDO TRAIR O MEU PAI E EU AO MESMO TEMPO NÃO É?  MAIS EMOCIONANTE EU ACREDITO.
 E então minha mãe veio em minha direção:
- Eu não admito isso! Não de você, não dentro da minha casa!
E ela levantou a mão pra mim, mas eu não recuei, já estava me preparando para devolver o tapa quando o Alex apareceu e me puxou:
- Chega se acalma, a sua irmã já viu o bate boca, não queremos que ela veja agressão também.
Eu concordei com ele e nós dois fomos para o quarto:
- Amor, eu acho que esse foi um aviso de que já esta na hora de voltarmos para Nova York.
  Eu respirei fundo, precisava me acalmar:
- Você tem razão, eu vou marcar uma reunião na empresa para falar quem eu escolhi para me representar na cadeira da presidência.
- Minha irmã vai amanhã para Nova York, vou tentar pegar as passagens no mesmo avião.
  Eu cheguei perto dele, agora ja mais calma, joguei os braços em volta do seu pescoço e dei um beijo nele:
- Obrigada, não sei o que seria de mim sem você.
- Nem eu.
Ele sorriu e retribuiu o beijo. Eu marquei a reunião, e já fui logo pra empresa, e quando chegou a hora eu fui bem breve, estávamos todos na mesa da sala de reuniões, todo o concelho, diretoria e juntamente com a minha mãe:
- Como todos aqui já sabem, eu marquei essa reunião para anunciar a minha escolha em relação a quem vai me representar aqui na empresa, enquanto eu estiver em Nova York, eu pretendo vir para o Brasil no mínimo uma vez por mês, mas isso pode variar, eu também vou participar de todas as reuniões por teleconferência, e terei também encontros com o meu representante lá em Nova York, o meu escolhido é o Gustavo Abreu. Gustavo você foi o braço direito do meu pai, e agora vai ser meu. 
   Depois de acertar alguns detalhes com o Gustavo eu fui para casa, antes de arrumar minha viajem eu queria falar com minha irmã:
- Oi
-Oi
- Como você está?
- Bem, na medida do possível.
- Lice, eu vim aqui porque eu queria te convidar para vir pra Nova York comigo, vamos passar um tempo juntas, e lá tem boas escolas e tudo mais.
- Você quer que eu vá morar com você?
- Sim, ou só até você fazer 18 anos e decidir o que quer fazer.
- Eu... Eu não posso, não tem como eu deixar nossa mãe aqui, sozinha, ela já não tem mais o papai.
- Mas agora ela tem o Gabriel, isso não te incômoda? Eles dois juntos?
- Berta, nós somos uma família, éramos quatro, agora em três, deveríamos ficar em paz, a mamãe sempre amou o papai, sempre, e essa é a primeira vez que o Gabriel dorme aqui. Eu encaro isso como sinal de que a mamãe esta tentando seguir em frente.
- Queria ter a sua maturidade.
- Prometa pra mim que não vai para Nova York brigada com a mamãe.

- Eu prometo.