5.
“Não chorava há tanto tempo que os
seus olhos pareciam ter esquecido que existiam lagrimas”.
Eu sai do
hotel me sentia ao mesmo tempo vazia e melancólica. Parecia que estava fora do
ar. Até hoje eu não sei de onde tirei forças para dirigias até meu apartamento,
e quando consegui chegar, me surpreendi em ver a minha irmã lá. Ela percebe que
eu estava acabada, nem precisei falar nada. Ela levantou do sofá e veio em
minha direção e então me deu um abraço apertado. Eu desabei no choro, foi um
choro do tipo que não se consegue nem respirar, que parece que você vai morrer
sem ar. A Olivia não perguntou e nem falou nada, só ficou ali, parada com os
braços ao redor dos meus ombros, enquanto eu tremia de tanto chorar. Não me
lembro por quanto tempo ficamos ali, mas para mim pareceu uma eternidade. Eu me
sentia muito pior do que no dia da “morte” do meu pai. Tudo doía, mas meu
coração estava esmigalhado.
A Oli,
enquanto eu chorava em seus braços disse para eu ir tomar um banho:
- Eu vou
preparar alguma coisa para você comer, então poderá descansar.
E parece que
ela tinha lido a minha mente, porque antes de eu abrir a boca ela já completou
a frase:
- Eu não vou
a lugar nenhum, vou passar essa noite aqui, tem uma malinha com algumas coisas
minhas lá o quarto de hospedes.
Eu sorri e
me direcionei para o banheiro. Eu tinha sorte, nossa, como eu tinha sorte. Eu
tinha uma irmã de ouro, pois se não fosse ela eu provavelmente estaria chorando
em posição fetal no chão da minha sala de estar. Mas eu tenho que me recuperar,
levantar e ser forte, pois eu tinha um novo inimigo, e me doía infinitamente
saber que era o meu pai, o homem que eu mais amei na minha vida toda, o único
por quem eu daria a minha vida.
Eu estava na
banheira quando a Oli bateu na porta:
- Esta tudo
bem por aqui?
Ela estava
com os seus longos cabelos presos em um coque no topo da cabeça. Acho que ela
só queria garantir que eu não tinha me afogado na banheira:
- Está.
- Tem
certeza?
- Tenho.
Eu estava
descobrindo o quanto a Olivia era especial e, hoje, eu não tenho ideia de como
consegui viver todos esses anos sem ela ao meu lado:
- Eu fiz uma
massa, nada muito sofisticado. Para falar a verdade eu só juntei algumas coisas
da sua geladeira e coloquei em uma panela. Acho que ficou bom.
- Tenho
certeza que está ótimo.
Eu olhava
para a minha irmã e me doía estar escondendo dela o que estava acontecendo:
- Olivia?
- Oi.
- Eu tenho
uma coisa para te contar.
Então ela se
sentou no chão, e então eu contei tudo a ela, sobe o meu encontro com o August,
e ela reagiu da melhor forma possível, me deixando muito surpresa:
- Eu entendo
que para você é uma coisa difícil, pois você foi criada por ele e viveu o luto
e a falta dele, mas para mim ele é apenas uma pequena parte na minha geração,
pois o papel de pai na minha vida foi muito bem feito pela mamãe, já o August,
ou seja, lá como ele goste de ser chamado agora, é apenas um desconhecido.
- Fico feliz
que você pense assim, pois assim não tem
que passar por um sofrimento sem fundamento.
- Você é
forte demais para ficar ai nessa banheira, chorando por um homem que já está
morto para você. Não tem necessidade de sofrer tudo outra vez.
Eu não
estava sofrendo só pelo fato dele ter voltado do mundo dos mortos, mas também
por ele ter usado os meus sentimentos pelo Jeff para me magoar, porém a Olivia
tinha razão, eu era forte demais para ficar naquela situação:
- Vamos, não
sou uma chefe de cozinha, mas acho que esta bem gostoso.
Depois de
vestir um roupão, fui até a sala de jantar, onde a mesa estava posta para duas,
mas era uma pena a comida da minha irmã não estar nada convidativa:
- Eu estava
enganada, isso está péssimo. O que acha de pedirmos uma comidinha mexicana?
- Parece uma
ótima ideia.
Depois de
uma ótima refeição, que graças a deus não tinha sido feita pela Olivia,
sentamos no sofá, ela com um copo de uísque e eu com uma taça de vinho;
- Fique surpresa quando te vi aqui.
- Usei a
chave que você me deu, eu passei na galeria e o David me disse que você estava
aqui então resolvi da uma passada e por sorte tinha uma malinha de roupas no
carro, não imaginei que te veria nessa situação, mas foi bom estar aqui.
- Sim, foi
bom e sinta-se a vontade para usar a chave quando quiser.
- Acho que
vai gostar de saber que o Lucca se mostrou interessado. Ele estava me
perguntando sobre a sua vida amorosa, se você é solteira e coisa do tipo.
- Eu sabia
que aquele olha que ele lançava na sua sala tinha no fundo uma intenções mais fundas.
- Eu vou
almoçar com ele amanha você poderia vir junto.
- Eu
adoraria.
Apesar de
estar bem por fora, eu ainda não tinha certeza de como estava por dento, eu me
sentia oca.