Eu não fiquei surpresa com o pedido, e sim com o brilho em
seus olhos quando, ele falava da minha mãe:
- O que você acha?
- Eu acredito quando você diz que ama a minha mãe, e sei que
é recíproco, então, eu acho que vocês deveriam ir a frete.
As minhas palavras
pareceram pegar ele de surpresa, e ele solta um suspiro de alívio:
- Que bom, achei que você fosse ser contra.
- Não, estou a favor.
Ele me deixa na
galeria, e nem entro direito e a Manu já me arrasta para fora:
- Posso saber para onde você está me levando.
- Estamos indo comprar nossos carros.
- Nossos?
- Sim, eu sou uma excelente motorista, você eu não sei, mas
eu me garanto.
- Não sabia disso.
- Pois é, eu sou uma caixinha de surpresas.
Quando chegamos, a
Manu se apaixona instantaneamente um carro da Range Houver, já eu fui olhar um
Audi preto que me lembrava de o do meu pai, ele era apaixonado pelo carro,
sempre fazia a maior propaganda:
- E aí, de qual você gostou?
- Desse preto aqui.
- Bonito, também gostei, vou levar aquele verde escuro ali,
você vai levar esse?
- Acho que não.
- Por quê?
- Faz muito tempo que eu não dirijo, acho melhor alugar um
carro até pegar o jeito outra vez.
- Você quem sabe.
O vendedor que
estava atendendo a Manu chega, ele pergunta se eu vou levar o Audi, eu digo que
não e ele se vira para a minha amiga:
- Então senhorita Sobano, vamos tratar de negócios?
Ela faz que sim com
a cabeça e entra no escritório. Depois de algum tempo ela volta sacudindo a
chave do carro e sorrindo:
- Você vai levar esse aqui?
Eu aponto para o
carro exposto, e ela faz que não com a cabeça:
- Não, ele vai me levar na garagem dos fundos para pegar o meu
esse é só de exposição. Vamos ter que passar em um posto no caminho.
A Manu me
surpreende, ela é realmente uma boa motorista:
- Como vão as coisas entre você e o Alex, em relação a
gravidez?
Ela pergunta com um
pouco de preocupação em escolher as suas palavras:
- Não falamos mais no assunto. Ele parece ter deletado esse
assunto da sua mente, inclusive a briga.
- E como você se sente em relação a isso?
Como eu me sinto?
Ainda não parei para pensar nisso:
- Não sei, acho que vou seguir o seu concelho, e dar um
tempo pra ele.
- É a melhor coisa que você faz. Isso é uma coisa bem
delicada, tem que ter muito planejamento.
Ela parece tão
séria, mas no fundo eu sei que é verdade.
O trânsito de Nova
York é caótico, como sempre, e levamos cerca de uma hora pra fazer um percurso
que levaríamos no máximo 30 minutos.
O resto do dia passa
voando, e eu ligo para uma agência de aluguel de carros, escolhi um modelo peso
site e marquei de ir buscá-lo amanhã. Quando eu chego a casa, o Alex está na
sala, tirando a gravata:
- Oi.
- Oi.
Eu vou até ele é
dou um beijo em seu rosto:
- Como foi seu dia?
- Bom, o Gabriel veio me perguntar o que eu achava dele se
casar com a minha mãe.
- E o que você disse?
- Que fico feliz por eles. E eu também fui a uma
concessionária hoje.
Ele arregala os
olhos, e não consegue disfarçar a surpresa e a preocupação:
- Posso relaxar, eu não comprei o carro, eu acabei pensando
no que você falou, e eu concordo que faz muito tempo que eu não dirijo.
- Que bom que você mudou de ideia.
- Eu não mudei, vou alugar um carro e passar essa semana com
ele. Quero pegar o jeito outra vez antes de comprar um.
Eu estava dando uma
olhada nos meus e-mails, quando vi que tinha um convite para uma exposição
incrível em uma cidade próxima a Nova York, fiquei muito empolgada e logo
confirmei a presença.
Quando eu chego à
galeria a Manu me conta que também recebeu o convite:
- Eu vou com o meu carro, mas vou contratar um motorista, o
evento vai ser a noite e eu acho um pouco perigoso, você pode ir comigo.
- Acho que não, essa semana eu quero dirigir o máximo
possível, e eu adoro pegar a estrada.
- Ai Robe, eu não sei não viu, tem uma parte da estrada que
é bem perigosa, e sem falar que eles estão reformando um lado da pista.
- Não se preocupa apesar do que vocês falam, eu sou uma boa
motorista.
- Você quem sabem. O Alex vai junto?
- Não sei, ainda não falei com ele.
- Quando você vai pegar o carro?
- Vou à agência de aluguel na hora do almoço.
A hora passa muito
rápido, e quando eu vejo já está na hora de ir buscar o carro. Eu não demoro
muito na agência, e depois de assinar os papéis e dar o cheque, o rapaz me
entrega a chave do carro, e eu volto para a galeria dirigindo.
O restante do dia
demora muito para passar, eu fico preenchendo a papelada do seguro de umas
obras novas que estamos recebendo, enquanto a Manu e o Jan conferem os papéis
de autenticação de cada obra. Quando
finalmente terminamos, eu vou para casa,
mas antes passo no mercado para comprar algumas coisas para fazer o jantar. O
Alex chega quando eu estou terminando de colocar a mesa:
- Boa noite, nossa que capricho todo é esse?
Ele diz enquanto
tira o paletó e as chaves do bolço:
- Boa noite.
Eu caminho até ele é
dou um beijo nos seus lábios:
- Acho que fiquei inspirada.
- Que bom, porque eu estou morrendo de fome.
Enquanto jantamos,
eu conto para ele das obras novas que chegaram, e também falo sobre o carro,
ele diz que não é uma boa ideia, mas não insiste no assunto:
- Eu queria falar com você sobre um convite para uma
exposição a alguns quilômetros aqui de Nova York, queria que você fosse comigo.
- Que dia vai ser?
- Na sexta, começa às 19h30min.
- Essa sexta?
- Sim.
- Ahh, que pena, eu não vou poder ir, eu ia te contar, aliás,
eu vou ter que fazer uma viajem.
Ele diz com um
sorrisinho no rosto:
- Para onde você vai?
- Chicago.
Quando ele diz isso,
meu coração gela.