terça-feira, 9 de agosto de 2016

Manuela Sobano Allfiere

5.
“Não chorava há tanto tempo que os seus olhos pareciam ter esquecido que existiam lagrimas”.
Eu sai do hotel me sentia ao mesmo tempo vazia e melancólica. Parecia que estava fora do ar. Até hoje eu não sei de onde tirei forças para dirigias até meu apartamento, e quando consegui chegar, me surpreendi em ver a minha irmã lá. Ela percebe que eu estava acabada, nem precisei falar nada. Ela levantou do sofá e veio em minha direção e então me deu um abraço apertado. Eu desabei no choro, foi um choro do tipo que não se consegue nem respirar, que parece que você vai morrer sem ar. A Olivia não perguntou e nem falou nada, só ficou ali, parada com os braços ao redor dos meus ombros, enquanto eu tremia de tanto chorar. Não me lembro por quanto tempo ficamos ali, mas para mim pareceu uma eternidade. Eu me sentia muito pior do que no dia da “morte” do meu pai. Tudo doía, mas meu coração estava esmigalhado.
A Oli, enquanto eu chorava em seus braços disse para eu ir tomar um banho:
- Eu vou preparar alguma coisa para você comer, então poderá descansar.
E parece que ela tinha lido a minha mente, porque antes de eu abrir a boca ela já completou a frase:
- Eu não vou a lugar nenhum, vou passar essa noite aqui, tem uma malinha com algumas coisas minhas lá o quarto de hospedes.
Eu sorri e me direcionei para o banheiro. Eu tinha sorte, nossa, como eu tinha sorte. Eu tinha uma irmã de ouro, pois se não fosse ela eu provavelmente estaria chorando em posição fetal no chão da minha sala de estar. Mas eu tenho que me recuperar, levantar e ser forte, pois eu tinha um novo inimigo, e me doía infinitamente saber que era o meu pai, o homem que eu mais amei na minha vida toda, o único por quem eu daria a minha vida.
Eu estava na banheira quando a Oli bateu na porta:
- Esta tudo bem por aqui?
Ela estava com os seus longos cabelos presos em um coque no topo da cabeça. Acho que ela só queria garantir que eu não tinha me afogado na banheira:
- Está.
- Tem certeza?
- Tenho.
Eu estava descobrindo o quanto a Olivia era especial e, hoje, eu não tenho ideia de como consegui viver todos esses anos sem ela ao meu lado:
- Eu fiz uma massa, nada muito sofisticado. Para falar a verdade eu só juntei algumas coisas da sua geladeira e coloquei em uma panela. Acho que ficou bom.
- Tenho certeza que está ótimo.
Eu olhava para a minha irmã e me doía estar escondendo dela o que estava acontecendo:
- Olivia?
- Oi.
- Eu tenho uma coisa para te contar.
Então ela se sentou no chão, e então eu contei tudo a ela, sobe o meu encontro com o August, e ela reagiu da melhor forma possível, me deixando muito surpresa:
- Eu entendo que para você é uma coisa difícil, pois você foi criada por ele e viveu o luto e a falta dele, mas para mim ele é apenas uma pequena parte na minha geração, pois o papel de pai na minha vida foi muito bem feito pela mamãe, já o August, ou seja, lá como ele goste de ser chamado agora, é apenas um desconhecido.
- Fico feliz que você pense assim, pois assim  não tem que passar por um sofrimento sem fundamento.
- Você é forte demais para ficar ai nessa banheira, chorando por um homem que já está morto para você. Não tem necessidade de sofrer tudo outra vez.
Eu não estava sofrendo só pelo fato dele ter voltado do mundo dos mortos, mas também por ele ter usado os meus sentimentos pelo Jeff para me magoar, porém a Olivia tinha razão, eu era forte demais para ficar naquela situação:
- Vamos, não sou uma chefe de cozinha, mas acho que esta bem gostoso.
Depois de vestir um roupão, fui até a sala de jantar, onde a mesa estava posta para duas, mas era uma pena a comida da minha irmã não estar nada convidativa:
- Eu estava enganada, isso está péssimo. O que acha de pedirmos uma comidinha mexicana?
- Parece uma ótima ideia.
Depois de uma ótima refeição, que graças a deus não tinha sido feita pela Olivia, sentamos no sofá, ela com um copo de uísque e eu com uma taça de vinho;
 - Fique surpresa quando te vi aqui.
- Usei a chave que você me deu, eu passei na galeria e o David me disse que você estava aqui então resolvi da uma passada e por sorte tinha uma malinha de roupas no carro, não imaginei que te veria nessa situação, mas foi bom estar aqui.
- Sim, foi bom e sinta-se a vontade para usar a chave quando quiser.
- Acho que vai gostar de saber que o Lucca se mostrou interessado. Ele estava me perguntando sobre a sua vida amorosa, se você é solteira e coisa do tipo.
- Eu sabia que aquele olha que ele lançava na sua sala tinha no fundo uma intenções  mais fundas.
- Eu vou almoçar com ele amanha você poderia vir junto.
- Eu adoraria.
Apesar de estar bem por fora, eu ainda não tinha certeza de como estava por dento, eu me sentia oca.

Maniela Sobano Allfiere

4.
“Depois de tanto tempo, descobri mesmo o que era dor. Dor não era apanhar de desmaiar. Não era cortar o pé com caco de vidro e levar pontos na farmácia. Dor era aquilo, que doía o coração todinho, que a gente tinha que morrer com ela... sem poder contar a ninguém”.
- Como você me encontrou? Estou curioso para saber.
- Achou mesmo que eu não fosse reconhecer August Davis? Ahh por favor, é o seu pseudônimo favorito.
Ele parecia um misto de susto e felicidade, porem a minha pistola apontada para a sua cabeça ainda o assustava:
- Creio que não precise de uma pistola para conversar mesmo sendo uma arma ato bela.
- Isso aqui é para a minha proteção.
- Por favor, Manuela, não acha que eu vá tentar alguma coisa contra a sua vida, acha?
- Levando em conta que você forjou a própria morte durante anos, abandonando sua mãe e seus filhos, entrou em uma parceria para roubar o que é meu e fez uma parceria com o Jeff, que alias você sempre detestou, nada mais me surpreende.
Eu podia ver pela sua expressão que as minhas palavras o machucavam:
- Você sabe que eu jamais machucaria os meus filhos.
- Eu não sei mais de nada. Não conheço mais você, alias, agora vejo que nunca conheci.
- Minha querida, abaixe essa arma.
Ele vinha se aproximando lenta e cuidadosamente, e apesar de estar desmoronada por dentro, mantinha a firmeza por fora:
- Eu não esperava que você me visse agora, queria voltar na oportunidade certa.
- Eu vi o seu carro depois do acidente, eu fui ao seu enterro, chorei sobre o seu caixão, fique muito tempo de luto, eu sofri, sofri mais do que qualquer outro da nossa família!
- Eu sei, eu sei mesmo durante todos esses anos eu nunca abandonei nenhum de vocês, e eu nunca deixei de me orgulhar de você minha filha, nem por um instante sequer.
- Eu não quero o eu orgulho, não preciso dele, talvez há uns anos atrás, mas não hoje! Você forjou sua morte! Fez sua família passar por um sofrimento desnecessário, me fez passar por um sofrimento desnecessário e ai quando enjoou da sua vidinha de August David saiu por ai, fazendo joguinhos com Jeff para pegar o que é meu.  Se você queria a porra do seu dinheiro era só não ter morrido de mentirinha caralho!
- Eu nunca quis tomar a sua fortuna meu amor, muito pelo contrario, eu fico muito orgulhoso de saber que em 11 anos você foi capaz de quadruplicar a sua parte da herança, se transformando em uma bilionária em plenos 28 anos. E sobre o Jefferson, quando eu soube que vocês estavam noivos eu entrei em contato com ele e fiz a proposta para te mostrar que ele não presta, eu liguei aquele dia para ele no seu apartamento porque sabia que você estava lá e iria ouvir a conversa, eu queria te mostrar o verme com quem você iria se casar e...
- Cala a boca! CALA ESSA MERDA DE BOCA SEU DESGRAÇADO! VOCE MENTIU POR 11 ANOS! VOCE NÃO TEM IDEIA DO QUE É UMA MENINA DE 17 ANOS ENFRENTAR A MORTE DO PAI E TER QUE ASSUMIR OS NEGOCIOS DA FAMILIA, TER QUE FINGIR NÃO SENTIR NADA PORQUE TEM QUE MANTER UMA IMAGEM DE FORÇA E LIDERANÇA,  MESMO DEPOIS DE PERDER O PAI EM UM ACIDENTE HORRIVEL DE CARRO?! A VÓVÓ MORREU, E VOICE SEQUER ESTAVA LÁ, O DIEGO FOI EMBORA E VOCE NÃO ESTAVA LÁ, NOSSA FMILIA DESMORONOU E VOCE ESTA VIVO!
Eu gritava, mas mesmo assim continuava com a arma apontada para ele, mesmo sendo a coisa mais difícil da minha vida:
- O acidente foi verdadeiro?
- Não, eu mandei jogarem o meu carro do penhasco quando estivesse vazio.
- Mais é claro, é claro, porque como você gosta de dizer, os Sobanos planejam cada passo.
- Filha, me prometa que não vai contar nada a seus irmãos.
- Irmãos? Você sabe da Olivia?
- Sim, quando sua mãe deixou a nossa casa, eu já desconfiava que ela estivesse gravida, então depois de uns meses eu tive a confirmação.
- E você não pensou em trazê-la para a nossa casa? Assumi-la como filha, conhecê-la e dar seu sobrenome?
- Não, nunca pensei, mas eu sempre estive presente, sempre acompanhei de perto a...
- Você acompanhou de perto? Você por um acaso estava lá quando ela começou a andar? Ou falou a primeira palavra, quando ela se formou? Acho que não. A Olivia tem sorte de não ter que carregar o fardo do sobrenome Sobano, que é mais como uma maldição. E você, você deveria chorar todos os dias por não conhecer a pessoa mais maravilhosamente encantadora e generosa que existe, a Olivia é grandiosa, grandiosa demais para você tem qualquer vontade de conhecê-la, pois a melhor coisa que já aconteceu a ela foi não ter tido contato nenhum com você!
Eu já não tinha mais estomago para olhar par aquele homem, porém eu tinha que saber o motivo de tudo aquilo, o motivo que o levou a forjar sua morte por 11 anos e fazer seus filhos sofrerem:
- Eu quero saber o por que.
- Eu precisava de uma válvula de escape da minha vida.
- Dos seus filhos e da sua vida luxuosa em uma mansão com 16 quartos em Amsterdã, da sua coleção se carros esportivos de luxo, dos seus milhões e milhões de dólares, do respeito e da influencia que você tinha. Era o mais poderoso. E você me diz que precisava de uma válvula de escape? Ahh por favor.
- Manu, abaixa essa arma e vamos conversar. Dói-me você pensar que eu faria qualquer coisa para te machucar.
- Eu não conheço você, meu pai eu sei que não me machucaria, porem ele morreu há 11 anos. Você é só um homem, que apareceu tentando me prejudicar, e agora August David você fez uma inimiga.
- Por favor, eu sou seu pai, você é só uma princesinha. Eu sou o rei.
- Rei morto não tem súditos, muito menos reino.
Eu me virei para a saída, já de costas para ele:
- Eu sou uma rainha, você mesmo me tornou uma.

Maniela Sobano Allfiere

4.
“Depois de tanto tempo, descobri mesmo o que era dor. Dor não era apanhar de desmaiar. Não era cortar o pé com caco de vidro e levar pontos na farmácia. Dor era aquilo, que doía o coração todinho, que a gente tinha que morrer com ela... sem poder contar a ninguém”.
- Como você me encontrou? Estou curioso para saber.
- Achou mesmo que eu não fosse reconhecer August Davis? Ahh por favor, é o seu pseudônimo favorito.
Ele parecia um misto de susto e felicidade, porem a minha pistola apontada para a sua cabeça ainda o assustava:
- Creio que não precise de uma pistola para conversar mesmo sendo uma arma ato bela.
- Isso aqui é para a minha proteção.
- Por favor, Manuela, não acha que eu vá tentar alguma coisa contra a sua vida, acha?
- Levando em conta que você forjou a própria morte durante anos, abandonando sua mãe e seus filhos, entrou em uma parceria para roubar o que é meu e fez uma parceria com o Jeff, que alias você sempre detestou, nada mais me surpreende.
Eu podia ver pela sua expressão que as minhas palavras o machucavam:
- Você sabe que eu jamais machucaria os meus filhos.
- Eu não sei mais de nada. Não conheço mais você, alias, agora vejo que nunca conheci.
- Minha querida, abaixe essa arma.
Ele vinha se aproximando lenta e cuidadosamente, e apesar de estar desmoronada por dentro, mantinha a firmeza por fora:
- Eu não esperava que você me visse agora, queria voltar na oportunidade certa.
- Eu vi o seu carro depois do acidente, eu fui ao seu enterro, chorei sobre o seu caixão, fique muito tempo de luto, eu sofri, sofri mais do que qualquer outro da nossa família!
- Eu sei, eu sei mesmo durante todos esses anos eu nunca abandonei nenhum de vocês, e eu nunca deixei de me orgulhar de você minha filha, nem por um instante sequer.
- Eu não quero o eu orgulho, não preciso dele, talvez há uns anos atrás, mas não hoje! Você forjou sua morte! Fez sua família passar por um sofrimento desnecessário, me fez passar por um sofrimento desnecessário e ai quando enjoou da sua vidinha de August David saiu por ai, fazendo joguinhos com Jeff para pegar o que é meu.  Se você queria a porra do seu dinheiro era só não ter morrido de mentirinha caralho!
- Eu nunca quis tomar a sua fortuna meu amor, muito pelo contrario, eu fico muito orgulhoso de saber que em 11 anos você foi capaz de quadruplicar a sua parte da herança, se transformando em uma bilionária em plenos 28 anos. E sobre o Jefferson, quando eu soube que vocês estavam noivos eu entrei em contato com ele e fiz a proposta para te mostrar que ele não presta, eu liguei aquele dia para ele no seu apartamento porque sabia que você estava lá e iria ouvir a conversa, eu queria te mostrar o verme com quem você iria se casar e...
- Cala a boca! CALA ESSA MERDA DE BOCA SEU DESGRAÇADO! VOCE MENTIU POR 11 ANOS! VOCE NÃO TEM IDEIA DO QUE É UMA MENINA DE 17 ANOS ENFRENTAR A MORTE DO PAI E TER QUE ASSUMIR OS NEGOCIOS DA FAMILIA, TER QUE FINGIR NÃO SENTIR NADA PORQUE TEM QUE MANTER UMA IMAGEM DE FORÇA E LIDERANÇA,  MESMO DEPOIS DE PERDER O PAI EM UM ACIDENTE HORRIVEL DE CARRO?! A VÓVÓ MORREU, E VOICE SEQUER ESTAVA LÁ, O DIEGO FOI EMBORA E VOCE NÃO ESTAVA LÁ, NOSSA FMILIA DESMORONOU E VOCE ESTA VIVO!
Eu gritava, mas mesmo assim continuava com a arma apontada para ele, mesmo sendo a coisa mais difícil da minha vida:
- O acidente foi verdadeiro?
- Não, eu mandei jogarem o meu carro do penhasco quando estivesse vazio.
- Mais é claro, é claro, porque como você gosta de dizer, os Sobanos planejam cada passo.
- Filha, me prometa que não vai contar nada a seus irmãos.
- Irmãos? Você sabe da Olivia?
- Sim, quando sua mãe deixou a nossa casa, eu já desconfiava que ela estivesse gravida, então depois de uns meses eu tive a confirmação.
- E você não pensou em trazê-la para a nossa casa? Assumi-la como filha, conhecê-la e dar seu sobrenome?
- Não, nunca pensei, mas eu sempre estive presente, sempre acompanhei de perto a...
- Você acompanhou de perto? Você por um acaso estava lá quando ela começou a andar? Ou falou a primeira palavra, quando ela se formou? Acho que não. A Olivia tem sorte de não ter que carregar o fardo do sobrenome Sobano, que é mais como uma maldição. E você, você deveria chorar todos os dias por não conhecer a pessoa mais maravilhosamente encantadora e generosa que existe, a Olivia é grandiosa, grandiosa demais para você tem qualquer vontade de conhecê-la, pois a melhor coisa que já aconteceu a ela foi não ter tido contato nenhum com você!
Eu já não tinha mais estomago para olhar par aquele homem, porém eu tinha que saber o motivo de tudo aquilo, o motivo que o levou a forjar sua morte por 11 anos e fazer seus filhos sofrerem:
- Eu quero saber o por que.
- Eu precisava de uma válvula de escape da minha vida.
- Dos seus filhos e da sua vida luxuosa em uma mansão com 16 quartos em Amsterdã, da sua coleção se carros esportivos de luxo, dos seus milhões e milhões de dólares, do respeito e da influencia que você tinha. Era o mais poderoso. E você me diz que precisava de uma válvula de escape? Ahh por favor.
- Manu, abaixa essa arma e vamos conversar. Dói-me você pensar que eu faria qualquer coisa para te machucar.
- Eu não conheço você, meu pai eu sei que não me machucaria, porem ele morreu há 11 anos. Você é só um homem, que apareceu tentando me prejudicar, e agora August David você fez uma inimiga.
- Por favor, eu sou seu pai, você é só uma princesinha. Eu sou o rei.
- Rei morto não tem súditos, muito menos reino.
Eu me virei para a saída, já de costas para ele:
- Eu sou uma rainha, você mesmo me tornou uma.

sábado, 9 de julho de 2016

Manuela Sobano Alffrerie

3.
“Ardia por fora, mas estava gelada por dento”
-Boa noite, em que posso ajuda-la?
- Boa noite, eu gostaria de uma suíte.
- Para quantas noites?
- Uma.
- Para quantas pessoas?
- Só eu, gostaria de ficar na cobertura.
- Infelizmente nossa cobertura não esta vaga. Mas temos um quarto auto o suficiente e com os mesmos luxos.
-Minha única exigência é ficar o mais próximo da cobertura possível.
- Isso não será um problema.
Logo após registrar a minha entrada, fui para a minha suíte, que ficava logo abaixo da cobertura, onde estava August Davis. Eu não sabia muito bem como iria fazer para entrar em seu quarto, mas sabia que tinha que ser feito o quanto antes, então peguei a minha pistola e coloquei na cintura, e parti para os elevadores, com destino ao andar de cima. No fim do corredor tinha uma camareira:
- Olá, você sabe me dizer se o homem daquele quarto esta aqui?
E apontei para a porta:
 - Sim senhora.
- E você não me conseguiria um cartão chave para abrir a porta?
- Eu sinto muito, mas não tenho permissão para isso.
Eu a analisei e percebi que tinha tirado a aliança recentemente, pois havia uma marca onde o anel havia evitado o bronzeamento. E foi então que decidi arriscar:
- É meu marido que esta naquele quarto, ele me disse que iria para o Canada em uma viagem de negócios, mas o meu detetive o rastreou até aquele quarto, e eu tenho que saber se ele esta com outra mulher. 
Fingi um choro breve e resolvi apelar ainda mais:
- Nós temos três filhos lindos, e uma bela casa, somos uma família feliz e eu não posso viver mais um dia com essa duvida.
- Senhora, eu também tenho filho, não posso perder esse emprego. Eu sei pelo que a senhora esta passando, acredite eu já passei por uma situação muito pior, e sou a única forma de sustento da minha casa no momento.
Ela ficou me analisando com um olhar de piedade e então me entregou o cartão chave:
- Não agonize mais um dia, não vou negar ajuda a uma mulher que quer se libertar.
- Muito obrigada, muito obrigada mesmo.
Eu peguei uma caneta que estava em seu carrinho de arrumadeira e juntamente com um pedaço de papel e anotei meu numero de celular:
- Qual o seu nome?
- Cris.
- Cris, esse aqui é o meu celular, se acontecer qualquer coisa com o seu emprego você pode me ligar, meu nome é Manuela. Não pense duas vezes em me ligar, se acontecer qualquer coisa, qualquer coisa mesmo.
Ela sorriu e colocou o papel no bolso do seu uniforme. E eu segui para a porta do quarto. Antes de entrar eu respirei fundo e saquei a minha pistola, e então a abri. Ele estava virado para a janela, falando ao telefone. Quando me viu, ali bem na sua frente, pareceu ficar surpreso, principalmente levando em conta que eu estava apontando uma arma para ele:
- Manuela minha querida.

- Oi August Davis, ou devo lhe chamar de pai?

Manuela Sobano Alffrerie

2.
”Nem todas as feridas são superficiais. Algumas feridas são mais profundas do que podemos imaginar”.
Assim que sai do prédio da revista e entrei no meu carro, meu telefone começou a tocar, e quando peguei o aparelho vi que era o Jeff:
- Alo Manu.
- Pois não?
- Eu queria me encontrar com você mais tarde, pode ser?
- Por quê?
- Descobri umas coisas que você vai considerar extremamente relevantes.
- Pode falar pelo telefone mesmo, não estou com muito tempo sobrando.
- Eu prefiro pessoalmente, é mais seguro.
- Tudo bem, naquela cafeteria próxima a galeria, daqui uma hora.
- Estarei lá, e você, esta tudo bem? Estou com saudades.
- Daqui uma hora. Não se atrase!
Eu estava investigando a pessoa que tinha formado uma parceria com o Jeff para tomar o que é meu. O fato de nem o próprio Jeff saber quem era me deixava mais intrigada, pois sempre gostei de saber com quem eu estou lidando, principalmente se tratando dos meus inimigos.
Eu cheguei à galeria e a Rode não estava, ela tinha pedido ao David para me avisar que não estava se sentindo bem e que iria para casa:
- Ela disse o que tinha?
- Não, só disse que não estava se sentindo bem e que iria trabalhar em casa.
Conforme eu ia subindo as escadas com destino ao escritório, ele vinha junto. O David era um dos nossos funcionários, e modesta a parte era o melhor funcionário que tínhamos e também o meu preferido, era meu braço direito em um grande amigo:
- O que foi David?
- Nada, só que você saiu com uma cara e voltou com outra muito melhor.
- Não é nada.
- Por favor, querida, eu te conheço.
- Eu fui almoçar com Olivia e acabei conhecendo um fotografo amigo dela.
- Defina conhecendo.
- Não da forma que você esta pensando, e nem da forma que eu quero, ainda.
- Vamos usar uma coisinha chamada internet para saber um pouco mais a respeito do seu fotografo.
Ele se sentou em minha mesa e abriu o computador:
- Qual o nome dele?
- Lucca Pharborezzi.
- Meu deus! Ele é um dos deuses da fotografia, e também um deus grego maravilhoso e gostoso!
- Sabe quem ele é?
- Claro que eu sei querida, eu sou gay, sei de tudo que acontece no mundo da moda, e o sobrenome Pharborezzi esta em tudo que é lugar. Não precisamos nem pesquisar na internet. Ele tem 28 anos, nunca foi casado, só teve um namoro assumido, com Camillie Bartoli, o motivo do termino é totalmente desconhecido. Ele mora em uma cobertura a uns três quarteirões da sua casa.
 - Você é impressionante.
-Sou um grande fã do trabalho dele.
- Então vai preparando o seu coração de tiete que acho que ele vira aqui hoje.
Antes de receber a resposta do David, meu celular vibrou e era uma mensagem do Jeff, ele dizia que já estava na cafeteria, me agudando:
- David, eu terei que sair, preciso resolver um problema. Se minha irmã chegar, peça a ela para me esperar.
- Tudo bem.
Já fazia muito tempo que eu não via o Jeff, estávamos em contato já havia um tempo, porem, eu evitava ao máximo encontra-lo. Quando passei pela porta da cafeteria, o vi sentado em uma mesa no jardim, no canto, ele estava vestindo uma jaqueta de couro preta, e usava os óculos Ray Ban preto, que ele sabia que ficava lindo nele, e eu adorava, ahh como eu adorava, também tinha arrumado o cabelo, tinha feito o topete pelo qual eu sempre fui apaixonada. O Jeff tinha se arrumado da forma com a qual eu sempre gostei rebelde e sexy. Quando me aproximei da mesa, ele se levantou para me cumprimentar, mas eu não esperei e logo me sentei. Na mesa tinham duas xicaras, a dele e um para mim:
- Pedi o seu preferido, cappuccino desnatado com canela e baunilha. Bebíamos quase todos os dias em Amsterdam, eu sempre passava na sua casa com um copo e duas rosquinhas de limão, eu achava uma nojeira beber um café tão doce e comer uma rosquinha tão azeda, mas você sempre gostou de sabores exóticos.
Levantei a mão para chamar a atenção do garçom e pedi um café preto:
- Não é mais o meu preferido.
Ainda me machucava lembrar as coisas boas que tinha passado ao lado do Jeff, não como antes, mas ainda doía. E ele sabia disso, e não duvido eu estaria disposto a me atacar com essas lembranças:
- Não estamos aqui para falar de café ou rosquinhas, o que você descobriu?
- Depois de muitas tentativas frustradas, eu finalmente consegui descobrir o número que me ligou no dia do nosso casamento...
- Quase, do nosso quase casamento.
Eu sabia que isso também o machucava, e estava mais do que disposta a fazê-lo sofrer jogando a verdade na cara dele, já que ele tinha me feito sofrer muito mais:
- Isso, em fim, a ligação veio de um hotel de luxo no centro de Nova York.
- Isso foi há muito tempo, duvido que a pessoa ainda esteja hospedada no mesmo hotel.
- Ainda não terminei, eu subornei um funcionário do hotel para me dizer a suíte e o nome do hospede. O cara estava na suíte 2106.
Ele estava hesitante em me contar, então eu sabia que tinha que me preparar para o pior:
- E qual era o nome dele?
Ele hesitou mais uma vez, provavelmente estaria se perguntando se eu aguentaria:
- Fala Jeff, qual o nome do homem do quarto 2106?!
- Manu...
- Anda logo. Eu quero saber o nome!
- August Davis.
Então eu gelei, eu estava preparada para o pior, mas isso ia muito além de qualquer coisa que eu poderia imaginar. Eu senti como se tivesse levado um soco no estomago. Esperava que o Jeff dissesse qualquer nome, qualquer, menos August Davis. E tudo só piorou quando o Jeff tirou uma dúzia de fotos de dentro de um envelope pardo. Nas fotos podia-se ver nitidamente o homem saindo do hotel e entrando em um carro. Eu perdi totalmente os sentidos, não conseguia respirar e parecia que tudo ao meu redor estava em câmera lenta, não conseguia falar, chorar ou expressar qualquer outa coisa. Não podia ser August Davis, não podia, eu me recusava a olhas para as fotos e acreditar, mesmo sendo incontestável. Eu precisava voltar ao normal, tinha que retomar o controle para poder ter a situação a meu favor, então respirei fundo:
- Ele ainda esta na cidade?
- Sim, está hospedado em um hotel próximo ao anterior, coloquei um detetive profissional para segui-lo 24 horas por dia.
- Eu quero o endereço.
Ele pegou o celular e me mandou uma mensagem com o nome do hotel e o número de suíte:
- O que você pretende fazer agora?            
Eu queria ir correndo para o meu apartamento, trancar todas as portas e janelas, apagar todas as luzes e chorar, chorar até sentir meu corpo desidratando, mas não poia fazer isso. Eu tinha que tomas uma providencia, pois August Davis estava na cidade.
- Uma visita.

Sai da cafeteria e mandei uma mensagem para o David dizendo que não voltaria par para a galeria, e mandei outra para a Olivia, pedindo para ela passar outro dia. Fui direto para o meu apartamento, coloquei poucas coisas em uma mala de mão, peguei minha bolça e uma das minhas pistolas e também alguns cartuchos só por precaução, e dirigi direto para o hotel de August Davis.