terça-feira, 31 de março de 2015

Capitulo 24

Eu acordei no meu quarto na casa dos meus pais, o Alex estava ao meu lado, deitado com os braços ao meu redor, e quando eu acordei e acendi o abajur, ele imediatamente acordou:
- Oi, como você está?
- Oi.
- Você deve estar um pouco confusa, lá no hospital eu te dei um daqueles calmantes da Manu.
- Onde estão minha mãe e minha irmã?
- Eu dei um calmante para elas também, todas estavam muito nervosas.
- Me abraça?
  E então ele me puxou para mais perto:
- Eu não quero ficar aqui.
- Como assim?
- Tudo nessa casa me lembra ele, e essas lembranças me causam dor, eu....eu quero ir para um hotel, não posso ficar aqui.
  Eu me sentia como se alguém estivasse arrancado um pedaço de mim, eu não conseguia parar de chorar, por mais que eu quisesse:
- Então vamos para um hotel.
- Alguém falou sobre.....o....o funeral?
- Seu pai deixou tudo preparado, vai ser amanhã as 8h20.
- E onde o corpo....onde ele está?
- Está sendo preparado para o funeral.
  Doía tanto saber que eu nunca mais o veria. Eu levantei da cama e fui até minha escrivaninha, peguei um caderno e uma caneta, e depois voltei para os braços do Alex:
- O que você vai fazer?
- Eu quero escrever um elogio fúnebre para o meu pai.
  Foi muito difícil escrever, porque eu não conseguia parar de chorar.
  Eu não tinha dormido quase nada, e pela cara da minha mãe, ela também não, quando eu cheguei na sala, todos já estavam lá, vestidos de preto, dei um abraço na minha mãe e na minha irmã.
Quando chegamos ao cemitério e vimos o caixão do meu pai, minha mãe e minha irmã começaram a chorar, já eu, bem, eu achava que já não tinha mais lagrimas no meu corpo, mas percebi que estava errada, quando eu levantei para ler os elogios fúnebres:
- Eu nunca tive uma morte próxima na família, nunca perdi alguém que eu amasse. Quando meus avós se foram eu era muito pequena para sentir alguma coisa ou me lembrar de alguma coisa, mas agora eu posso contar como é, e meu deus, como dói, parece que tiraram um pedaço de mim, ou que estou sendo sufocada e já não tenho ar nos meus pulmões. Eu li uma vez que " Aquele que nos ama, nunca nos deixa de verdade" e eu acredito nisso, acredito que meu pai não nos deixou, ele só foi para um lugar onde a vista é melhor.
 Enquanto eu falava as lagrimas escorriam pelo meu rosto. Quando chegamos à casa demos todos de cara com o testamenteiro da família:
- Olá a todos, eu queria desejar meus pêsames a vocês.
- Obrigada Marcos.
- E eu vim aqui também para abrirmos o testamento.
- Nós gostaríamos de deixar isso para depois.
- Eu entendo, mas seu pai me deixou ordens para abrir o testamento assim que ele fosse enterrado, ele não queria que vocês ficassem de luto por muito tempo.
 Eu sabia que meu pai não queria que ficássemos de luto. Esperamos o advogado chegar e então fomos para o escritório, eu, o testamenteiro, o advogado, minha mãe e minha irmã.
 O testamenteiro abriu uma maleta e tirou de lá de dentro algumas folhas de papel, e começou a ler o que meu pai tinha deixado para cada um:
- Para Tatiana, minha esposa deixo o apartamento no Rio de Janeiro, o barco que está em Santos, deixo também a casa de São Paulo, onde ela e minha filia  mais nova vivem atualmente, mas esta casa só poderá ser vendida com o consentimento de minhas duas herdeiras, deixo para ela também 5%da empresa, fora dinheiro em conta, carros e objetos de valor.
Minha mãe não falou nada, mas pareceu ficar um pouco desapontada por ter ficado só com 5% da empresa:
- Para Alice, minha filha mais nova, eu deixo o apartamento na Florida, 25% da empresa, 50% dos meus investimentos, no qual ela só poderá mexer quando completar seus 21 anos de idade, deixo para ela também dinheiro em conta, objetos de valor, e carros.
Minha irmã não expressou qualquer tipo de reação, mas já minha mãe, pareceu bastante incomodada:
- Agora para Roberta, minha filha mais velha, eu deixo todo o meu acervo de arte, tanto o pessoal quanto o da empresa, deixo também para ela 60% da empresa, tornando-a assim, a acionista  majoritária, e também os outros 50% dos meus investimentos, deixo também carros e objetos de valor. É por fim, deixo 10% da empresa para serem divididos entre os meus funcionários mais leais.
  Depois de assinar todos os papeis necessário, nós fomos para a sala de estar:
- Então filha, agora que a cadeira presidência é sua, você não vai mais voltar para Nova York ?
- Vou sim, eu fiz uma promessa para uma pessoa.
- E a empresa? Como você pretende fazer?
- Eu vou escolher alguém de minha confiança  e que também entenda de negócios para ser meu representante na presidência.

  E nesse exato momento a expressão dela mudou.