2.
”Nem todas as feridas são
superficiais. Algumas feridas são mais profundas do que podemos imaginar”.
Assim que
sai do prédio da revista e entrei no meu carro, meu telefone começou a tocar, e
quando peguei o aparelho vi que era o Jeff:
- Alo Manu.
- Pois não?
- Eu queria
me encontrar com você mais tarde, pode ser?
- Por quê?
- Descobri
umas coisas que você vai considerar extremamente relevantes.
- Pode falar
pelo telefone mesmo, não estou com muito tempo sobrando.
- Eu prefiro
pessoalmente, é mais seguro.
- Tudo bem,
naquela cafeteria próxima a galeria, daqui uma hora.
- Estarei
lá, e você, esta tudo bem? Estou com saudades.
- Daqui uma
hora. Não se atrase!
Eu estava
investigando a pessoa que tinha formado uma parceria com o Jeff para tomar o
que é meu. O fato de nem o próprio Jeff saber quem era me deixava mais
intrigada, pois sempre gostei de saber com quem eu estou lidando,
principalmente se tratando dos meus inimigos.
Eu cheguei à
galeria e a Rode não estava, ela tinha pedido ao David para me avisar que não
estava se sentindo bem e que iria para casa:
- Ela disse
o que tinha?
- Não, só
disse que não estava se sentindo bem e que iria trabalhar em casa.
Conforme eu
ia subindo as escadas com destino ao escritório, ele vinha junto. O David era um
dos nossos funcionários, e modesta a parte era o melhor funcionário que tínhamos
e também o meu preferido, era meu braço direito em um grande amigo:
- O que foi
David?
- Nada, só
que você saiu com uma cara e voltou com outra muito melhor.
- Não é
nada.
- Por favor,
querida, eu te conheço.
- Eu fui
almoçar com Olivia e acabei conhecendo um fotografo amigo dela.
- Defina
conhecendo.
- Não da
forma que você esta pensando, e nem da forma que eu quero, ainda.
- Vamos usar
uma coisinha chamada internet para saber um pouco mais a respeito do seu
fotografo.
Ele se
sentou em minha mesa e abriu o computador:
- Qual o
nome dele?
- Lucca Pharborezzi.
- Meu deus!
Ele é um dos deuses da fotografia, e também um deus grego maravilhoso e
gostoso!
- Sabe quem
ele é?
- Claro que
eu sei querida, eu sou gay, sei de tudo que acontece no mundo da moda, e o
sobrenome Pharborezzi esta em tudo que é lugar. Não precisamos nem pesquisar na
internet. Ele tem 28 anos, nunca foi casado, só teve um namoro assumido, com
Camillie Bartoli, o motivo do termino é totalmente desconhecido. Ele mora em
uma cobertura a uns três quarteirões da sua casa.
- Você é impressionante.
-Sou um
grande fã do trabalho dele.
- Então vai
preparando o seu coração de tiete que acho que ele vira aqui hoje.
Antes de
receber a resposta do David, meu celular vibrou e era uma mensagem do Jeff, ele
dizia que já estava na cafeteria, me agudando:
- David, eu
terei que sair, preciso resolver um problema. Se minha irmã chegar, peça a ela
para me esperar.
- Tudo bem.
Já fazia
muito tempo que eu não via o Jeff, estávamos em contato já havia um tempo,
porem, eu evitava ao máximo encontra-lo. Quando passei pela porta da cafeteria,
o vi sentado em uma mesa no jardim, no canto, ele estava vestindo uma jaqueta
de couro preta, e usava os óculos Ray Ban preto, que ele sabia que ficava lindo
nele, e eu adorava, ahh como eu adorava, também tinha arrumado o cabelo, tinha
feito o topete pelo qual eu sempre fui apaixonada. O Jeff tinha se arrumado da
forma com a qual eu sempre gostei rebelde e sexy. Quando me aproximei da mesa,
ele se levantou para me cumprimentar, mas eu não esperei e logo me sentei. Na
mesa tinham duas xicaras, a dele e um para mim:
- Pedi o seu
preferido, cappuccino desnatado com canela e baunilha. Bebíamos quase todos os
dias em Amsterdam, eu sempre passava na sua casa com um copo e duas rosquinhas
de limão, eu achava uma nojeira beber um café tão doce e comer uma rosquinha
tão azeda, mas você sempre gostou de sabores exóticos.
Levantei a
mão para chamar a atenção do garçom e pedi um café preto:
- Não é mais
o meu preferido.
Ainda me
machucava lembrar as coisas boas que tinha passado ao lado do Jeff, não como
antes, mas ainda doía. E ele sabia disso, e não duvido eu estaria disposto a me
atacar com essas lembranças:
- Não
estamos aqui para falar de café ou rosquinhas, o que você descobriu?
- Depois de
muitas tentativas frustradas, eu finalmente consegui descobrir o número que me
ligou no dia do nosso casamento...
- Quase, do
nosso quase casamento.
Eu sabia que
isso também o machucava, e estava mais do que disposta a fazê-lo sofrer jogando
a verdade na cara dele, já que ele tinha me feito sofrer muito mais:
- Isso, em
fim, a ligação veio de um hotel de luxo no centro de Nova York.
- Isso foi há
muito tempo, duvido que a pessoa ainda esteja hospedada no mesmo hotel.
- Ainda não
terminei, eu subornei um funcionário do hotel para me dizer a suíte e o nome do
hospede. O cara estava na suíte 2106.
Ele estava
hesitante em me contar, então eu sabia que tinha que me preparar para o pior:
- E qual era
o nome dele?
Ele hesitou
mais uma vez, provavelmente estaria se perguntando se eu aguentaria:
- Fala Jeff,
qual o nome do homem do quarto 2106?!
- Manu...
- Anda logo.
Eu quero saber o nome!
- August
Davis.
Então eu gelei,
eu estava preparada para o pior, mas isso ia muito além de qualquer coisa que
eu poderia imaginar. Eu senti como se tivesse levado um soco no estomago.
Esperava que o Jeff dissesse qualquer nome, qualquer, menos August Davis. E
tudo só piorou quando o Jeff tirou uma dúzia de fotos de dentro de um envelope
pardo. Nas fotos podia-se ver nitidamente o homem saindo do hotel e entrando em
um carro. Eu perdi totalmente os sentidos, não conseguia respirar e parecia que
tudo ao meu redor estava em câmera lenta, não conseguia falar, chorar ou
expressar qualquer outa coisa. Não podia ser August Davis, não podia, eu me
recusava a olhas para as fotos e acreditar, mesmo sendo incontestável. Eu
precisava voltar ao normal, tinha que retomar o controle para poder ter a situação
a meu favor, então respirei fundo:
- Ele ainda
esta na cidade?
- Sim, está
hospedado em um hotel próximo ao anterior, coloquei um detetive profissional
para segui-lo 24 horas por dia.
- Eu quero o
endereço.
Ele pegou o
celular e me mandou uma mensagem com o nome do hotel e o número de suíte:
- O que você pretende fazer agora?
Eu queria ir correndo para o meu apartamento, trancar
todas as portas e janelas, apagar todas as luzes e chorar, chorar até sentir
meu corpo desidratando, mas não poia fazer isso. Eu tinha que tomas uma
providencia, pois August Davis estava na cidade.
- Uma visita.
Sai da cafeteria e mandei uma mensagem para o David
dizendo que não voltaria par para a galeria, e mandei outra para a Olivia,
pedindo para ela passar outro dia. Fui direto para o meu apartamento, coloquei
poucas coisas em uma mala de mão, peguei minha bolça e uma das minhas pistolas
e também alguns cartuchos só por precaução, e dirigi direto para o hotel de
August Davis.
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