sábado, 9 de julho de 2016

Manuela Sobano Alffrerie

2.
”Nem todas as feridas são superficiais. Algumas feridas são mais profundas do que podemos imaginar”.
Assim que sai do prédio da revista e entrei no meu carro, meu telefone começou a tocar, e quando peguei o aparelho vi que era o Jeff:
- Alo Manu.
- Pois não?
- Eu queria me encontrar com você mais tarde, pode ser?
- Por quê?
- Descobri umas coisas que você vai considerar extremamente relevantes.
- Pode falar pelo telefone mesmo, não estou com muito tempo sobrando.
- Eu prefiro pessoalmente, é mais seguro.
- Tudo bem, naquela cafeteria próxima a galeria, daqui uma hora.
- Estarei lá, e você, esta tudo bem? Estou com saudades.
- Daqui uma hora. Não se atrase!
Eu estava investigando a pessoa que tinha formado uma parceria com o Jeff para tomar o que é meu. O fato de nem o próprio Jeff saber quem era me deixava mais intrigada, pois sempre gostei de saber com quem eu estou lidando, principalmente se tratando dos meus inimigos.
Eu cheguei à galeria e a Rode não estava, ela tinha pedido ao David para me avisar que não estava se sentindo bem e que iria para casa:
- Ela disse o que tinha?
- Não, só disse que não estava se sentindo bem e que iria trabalhar em casa.
Conforme eu ia subindo as escadas com destino ao escritório, ele vinha junto. O David era um dos nossos funcionários, e modesta a parte era o melhor funcionário que tínhamos e também o meu preferido, era meu braço direito em um grande amigo:
- O que foi David?
- Nada, só que você saiu com uma cara e voltou com outra muito melhor.
- Não é nada.
- Por favor, querida, eu te conheço.
- Eu fui almoçar com Olivia e acabei conhecendo um fotografo amigo dela.
- Defina conhecendo.
- Não da forma que você esta pensando, e nem da forma que eu quero, ainda.
- Vamos usar uma coisinha chamada internet para saber um pouco mais a respeito do seu fotografo.
Ele se sentou em minha mesa e abriu o computador:
- Qual o nome dele?
- Lucca Pharborezzi.
- Meu deus! Ele é um dos deuses da fotografia, e também um deus grego maravilhoso e gostoso!
- Sabe quem ele é?
- Claro que eu sei querida, eu sou gay, sei de tudo que acontece no mundo da moda, e o sobrenome Pharborezzi esta em tudo que é lugar. Não precisamos nem pesquisar na internet. Ele tem 28 anos, nunca foi casado, só teve um namoro assumido, com Camillie Bartoli, o motivo do termino é totalmente desconhecido. Ele mora em uma cobertura a uns três quarteirões da sua casa.
 - Você é impressionante.
-Sou um grande fã do trabalho dele.
- Então vai preparando o seu coração de tiete que acho que ele vira aqui hoje.
Antes de receber a resposta do David, meu celular vibrou e era uma mensagem do Jeff, ele dizia que já estava na cafeteria, me agudando:
- David, eu terei que sair, preciso resolver um problema. Se minha irmã chegar, peça a ela para me esperar.
- Tudo bem.
Já fazia muito tempo que eu não via o Jeff, estávamos em contato já havia um tempo, porem, eu evitava ao máximo encontra-lo. Quando passei pela porta da cafeteria, o vi sentado em uma mesa no jardim, no canto, ele estava vestindo uma jaqueta de couro preta, e usava os óculos Ray Ban preto, que ele sabia que ficava lindo nele, e eu adorava, ahh como eu adorava, também tinha arrumado o cabelo, tinha feito o topete pelo qual eu sempre fui apaixonada. O Jeff tinha se arrumado da forma com a qual eu sempre gostei rebelde e sexy. Quando me aproximei da mesa, ele se levantou para me cumprimentar, mas eu não esperei e logo me sentei. Na mesa tinham duas xicaras, a dele e um para mim:
- Pedi o seu preferido, cappuccino desnatado com canela e baunilha. Bebíamos quase todos os dias em Amsterdam, eu sempre passava na sua casa com um copo e duas rosquinhas de limão, eu achava uma nojeira beber um café tão doce e comer uma rosquinha tão azeda, mas você sempre gostou de sabores exóticos.
Levantei a mão para chamar a atenção do garçom e pedi um café preto:
- Não é mais o meu preferido.
Ainda me machucava lembrar as coisas boas que tinha passado ao lado do Jeff, não como antes, mas ainda doía. E ele sabia disso, e não duvido eu estaria disposto a me atacar com essas lembranças:
- Não estamos aqui para falar de café ou rosquinhas, o que você descobriu?
- Depois de muitas tentativas frustradas, eu finalmente consegui descobrir o número que me ligou no dia do nosso casamento...
- Quase, do nosso quase casamento.
Eu sabia que isso também o machucava, e estava mais do que disposta a fazê-lo sofrer jogando a verdade na cara dele, já que ele tinha me feito sofrer muito mais:
- Isso, em fim, a ligação veio de um hotel de luxo no centro de Nova York.
- Isso foi há muito tempo, duvido que a pessoa ainda esteja hospedada no mesmo hotel.
- Ainda não terminei, eu subornei um funcionário do hotel para me dizer a suíte e o nome do hospede. O cara estava na suíte 2106.
Ele estava hesitante em me contar, então eu sabia que tinha que me preparar para o pior:
- E qual era o nome dele?
Ele hesitou mais uma vez, provavelmente estaria se perguntando se eu aguentaria:
- Fala Jeff, qual o nome do homem do quarto 2106?!
- Manu...
- Anda logo. Eu quero saber o nome!
- August Davis.
Então eu gelei, eu estava preparada para o pior, mas isso ia muito além de qualquer coisa que eu poderia imaginar. Eu senti como se tivesse levado um soco no estomago. Esperava que o Jeff dissesse qualquer nome, qualquer, menos August Davis. E tudo só piorou quando o Jeff tirou uma dúzia de fotos de dentro de um envelope pardo. Nas fotos podia-se ver nitidamente o homem saindo do hotel e entrando em um carro. Eu perdi totalmente os sentidos, não conseguia respirar e parecia que tudo ao meu redor estava em câmera lenta, não conseguia falar, chorar ou expressar qualquer outa coisa. Não podia ser August Davis, não podia, eu me recusava a olhas para as fotos e acreditar, mesmo sendo incontestável. Eu precisava voltar ao normal, tinha que retomar o controle para poder ter a situação a meu favor, então respirei fundo:
- Ele ainda esta na cidade?
- Sim, está hospedado em um hotel próximo ao anterior, coloquei um detetive profissional para segui-lo 24 horas por dia.
- Eu quero o endereço.
Ele pegou o celular e me mandou uma mensagem com o nome do hotel e o número de suíte:
- O que você pretende fazer agora?            
Eu queria ir correndo para o meu apartamento, trancar todas as portas e janelas, apagar todas as luzes e chorar, chorar até sentir meu corpo desidratando, mas não poia fazer isso. Eu tinha que tomas uma providencia, pois August Davis estava na cidade.
- Uma visita.

Sai da cafeteria e mandei uma mensagem para o David dizendo que não voltaria par para a galeria, e mandei outra para a Olivia, pedindo para ela passar outro dia. Fui direto para o meu apartamento, coloquei poucas coisas em uma mala de mão, peguei minha bolça e uma das minhas pistolas e também alguns cartuchos só por precaução, e dirigi direto para o hotel de August Davis.

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