4.
“Depois de tanto tempo, descobri
mesmo o que era dor. Dor não era apanhar de desmaiar. Não era cortar o pé com
caco de vidro e levar pontos na farmácia. Dor era aquilo, que doía o coração
todinho, que a gente tinha que morrer com ela... sem poder contar a ninguém”.
- Como você
me encontrou? Estou curioso para saber.
- Achou
mesmo que eu não fosse reconhecer August Davis? Ahh por favor, é o seu
pseudônimo favorito.
Ele parecia
um misto de susto e felicidade, porem a minha pistola apontada para a sua
cabeça ainda o assustava:
- Creio que
não precise de uma pistola para conversar mesmo sendo uma arma ato bela.
- Isso aqui
é para a minha proteção.
- Por favor,
Manuela, não acha que eu vá tentar alguma coisa contra a sua vida, acha?
- Levando em
conta que você forjou a própria morte durante anos, abandonando sua mãe e seus
filhos, entrou em uma parceria para roubar o que é meu e fez uma parceria com o
Jeff, que alias você sempre detestou, nada mais me surpreende.
Eu podia ver
pela sua expressão que as minhas palavras o machucavam:
- Você sabe
que eu jamais machucaria os meus filhos.
- Eu não sei
mais de nada. Não conheço mais você, alias, agora vejo que nunca conheci.
- Minha
querida, abaixe essa arma.
Ele vinha se
aproximando lenta e cuidadosamente, e apesar de estar desmoronada por dentro,
mantinha a firmeza por fora:
- Eu não
esperava que você me visse agora, queria voltar na oportunidade certa.
- Eu vi o
seu carro depois do acidente, eu fui ao seu enterro, chorei sobre o seu caixão,
fique muito tempo de luto, eu sofri, sofri mais do que qualquer outro da nossa
família!
- Eu sei, eu
sei mesmo durante todos esses anos eu nunca abandonei nenhum de vocês, e eu
nunca deixei de me orgulhar de você minha filha, nem por um instante sequer.
- Eu não
quero o eu orgulho, não preciso dele, talvez há uns anos atrás, mas não hoje!
Você forjou sua morte! Fez sua família passar por um sofrimento desnecessário,
me fez passar por um sofrimento desnecessário e ai quando enjoou da sua vidinha
de August David saiu por ai, fazendo joguinhos com Jeff para pegar o que é
meu. Se você queria a porra do seu
dinheiro era só não ter morrido de mentirinha caralho!
- Eu nunca
quis tomar a sua fortuna meu amor, muito pelo contrario, eu fico muito
orgulhoso de saber que em 11 anos você foi capaz de quadruplicar a sua parte da
herança, se transformando em uma bilionária em plenos 28 anos. E sobre o
Jefferson, quando eu soube que vocês estavam noivos eu entrei em contato com
ele e fiz a proposta para te mostrar que ele não presta, eu liguei aquele dia
para ele no seu apartamento porque sabia que você estava lá e iria ouvir a
conversa, eu queria te mostrar o verme com quem você iria se casar e...
- Cala a
boca! CALA ESSA MERDA DE BOCA SEU DESGRAÇADO! VOCE MENTIU POR 11 ANOS! VOCE NÃO
TEM IDEIA DO QUE É UMA MENINA DE 17 ANOS ENFRENTAR A MORTE DO PAI E TER QUE ASSUMIR
OS NEGOCIOS DA FAMILIA, TER QUE FINGIR NÃO SENTIR NADA PORQUE TEM QUE MANTER
UMA IMAGEM DE FORÇA E LIDERANÇA, MESMO
DEPOIS DE PERDER O PAI EM UM ACIDENTE HORRIVEL DE CARRO?! A VÓVÓ MORREU, E
VOICE SEQUER ESTAVA LÁ, O DIEGO FOI EMBORA E VOCE NÃO ESTAVA LÁ, NOSSA FMILIA
DESMORONOU E VOCE ESTA VIVO!
Eu gritava,
mas mesmo assim continuava com a arma apontada para ele, mesmo sendo a coisa
mais difícil da minha vida:
- O acidente
foi verdadeiro?
- Não, eu
mandei jogarem o meu carro do penhasco quando estivesse vazio.
- Mais é
claro, é claro, porque como você gosta de dizer, os Sobanos planejam cada
passo.
- Filha, me
prometa que não vai contar nada a seus irmãos.
- Irmãos?
Você sabe da Olivia?
- Sim,
quando sua mãe deixou a nossa casa, eu já desconfiava que ela estivesse
gravida, então depois de uns meses eu tive a confirmação.
- E você não
pensou em trazê-la para a nossa casa? Assumi-la como filha, conhecê-la e dar
seu sobrenome?
- Não, nunca
pensei, mas eu sempre estive presente, sempre acompanhei de perto a...
- Você
acompanhou de perto? Você por um acaso estava lá quando ela começou a andar? Ou
falou a primeira palavra, quando ela se formou? Acho que não. A Olivia tem
sorte de não ter que carregar o fardo do sobrenome Sobano, que é mais como uma
maldição. E você, você deveria chorar todos os dias por não conhecer a pessoa
mais maravilhosamente encantadora e generosa que existe, a Olivia é grandiosa,
grandiosa demais para você tem qualquer vontade de conhecê-la, pois a melhor
coisa que já aconteceu a ela foi não ter tido contato nenhum com você!
Eu já não
tinha mais estomago para olhar par aquele homem, porém eu tinha que saber o
motivo de tudo aquilo, o motivo que o levou a forjar sua morte por 11 anos e
fazer seus filhos sofrerem:
- Eu quero
saber o por que.
- Eu
precisava de uma válvula de escape da minha vida.
- Dos seus
filhos e da sua vida luxuosa em uma mansão com 16 quartos em Amsterdã, da sua
coleção se carros esportivos de luxo, dos seus milhões e milhões de dólares, do
respeito e da influencia que você tinha. Era o mais poderoso. E você me diz que
precisava de uma válvula de escape? Ahh por favor.
- Manu, abaixa essa arma e vamos conversar. Dói-me você
pensar que eu faria qualquer coisa para te machucar.
- Eu não conheço você, meu pai eu sei que não me machucaria,
porem ele morreu há 11 anos. Você é só um homem, que apareceu tentando me
prejudicar, e agora August David você fez uma inimiga.
- Por favor, eu sou seu pai, você é só uma princesinha. Eu
sou o rei.
- Rei morto não tem súditos, muito menos reino.
Eu me virei para a saída, já de costas para ele:
- Eu sou uma rainha, você mesmo me tornou uma.
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