terça-feira, 9 de agosto de 2016

Manuela Sobano Allfiere

5.
“Não chorava há tanto tempo que os seus olhos pareciam ter esquecido que existiam lagrimas”.
Eu sai do hotel me sentia ao mesmo tempo vazia e melancólica. Parecia que estava fora do ar. Até hoje eu não sei de onde tirei forças para dirigias até meu apartamento, e quando consegui chegar, me surpreendi em ver a minha irmã lá. Ela percebe que eu estava acabada, nem precisei falar nada. Ela levantou do sofá e veio em minha direção e então me deu um abraço apertado. Eu desabei no choro, foi um choro do tipo que não se consegue nem respirar, que parece que você vai morrer sem ar. A Olivia não perguntou e nem falou nada, só ficou ali, parada com os braços ao redor dos meus ombros, enquanto eu tremia de tanto chorar. Não me lembro por quanto tempo ficamos ali, mas para mim pareceu uma eternidade. Eu me sentia muito pior do que no dia da “morte” do meu pai. Tudo doía, mas meu coração estava esmigalhado.
A Oli, enquanto eu chorava em seus braços disse para eu ir tomar um banho:
- Eu vou preparar alguma coisa para você comer, então poderá descansar.
E parece que ela tinha lido a minha mente, porque antes de eu abrir a boca ela já completou a frase:
- Eu não vou a lugar nenhum, vou passar essa noite aqui, tem uma malinha com algumas coisas minhas lá o quarto de hospedes.
Eu sorri e me direcionei para o banheiro. Eu tinha sorte, nossa, como eu tinha sorte. Eu tinha uma irmã de ouro, pois se não fosse ela eu provavelmente estaria chorando em posição fetal no chão da minha sala de estar. Mas eu tenho que me recuperar, levantar e ser forte, pois eu tinha um novo inimigo, e me doía infinitamente saber que era o meu pai, o homem que eu mais amei na minha vida toda, o único por quem eu daria a minha vida.
Eu estava na banheira quando a Oli bateu na porta:
- Esta tudo bem por aqui?
Ela estava com os seus longos cabelos presos em um coque no topo da cabeça. Acho que ela só queria garantir que eu não tinha me afogado na banheira:
- Está.
- Tem certeza?
- Tenho.
Eu estava descobrindo o quanto a Olivia era especial e, hoje, eu não tenho ideia de como consegui viver todos esses anos sem ela ao meu lado:
- Eu fiz uma massa, nada muito sofisticado. Para falar a verdade eu só juntei algumas coisas da sua geladeira e coloquei em uma panela. Acho que ficou bom.
- Tenho certeza que está ótimo.
Eu olhava para a minha irmã e me doía estar escondendo dela o que estava acontecendo:
- Olivia?
- Oi.
- Eu tenho uma coisa para te contar.
Então ela se sentou no chão, e então eu contei tudo a ela, sobe o meu encontro com o August, e ela reagiu da melhor forma possível, me deixando muito surpresa:
- Eu entendo que para você é uma coisa difícil, pois você foi criada por ele e viveu o luto e a falta dele, mas para mim ele é apenas uma pequena parte na minha geração, pois o papel de pai na minha vida foi muito bem feito pela mamãe, já o August, ou seja, lá como ele goste de ser chamado agora, é apenas um desconhecido.
- Fico feliz que você pense assim, pois assim  não tem que passar por um sofrimento sem fundamento.
- Você é forte demais para ficar ai nessa banheira, chorando por um homem que já está morto para você. Não tem necessidade de sofrer tudo outra vez.
Eu não estava sofrendo só pelo fato dele ter voltado do mundo dos mortos, mas também por ele ter usado os meus sentimentos pelo Jeff para me magoar, porém a Olivia tinha razão, eu era forte demais para ficar naquela situação:
- Vamos, não sou uma chefe de cozinha, mas acho que esta bem gostoso.
Depois de vestir um roupão, fui até a sala de jantar, onde a mesa estava posta para duas, mas era uma pena a comida da minha irmã não estar nada convidativa:
- Eu estava enganada, isso está péssimo. O que acha de pedirmos uma comidinha mexicana?
- Parece uma ótima ideia.
Depois de uma ótima refeição, que graças a deus não tinha sido feita pela Olivia, sentamos no sofá, ela com um copo de uísque e eu com uma taça de vinho;
 - Fique surpresa quando te vi aqui.
- Usei a chave que você me deu, eu passei na galeria e o David me disse que você estava aqui então resolvi da uma passada e por sorte tinha uma malinha de roupas no carro, não imaginei que te veria nessa situação, mas foi bom estar aqui.
- Sim, foi bom e sinta-se a vontade para usar a chave quando quiser.
- Acho que vai gostar de saber que o Lucca se mostrou interessado. Ele estava me perguntando sobre a sua vida amorosa, se você é solteira e coisa do tipo.
- Eu sabia que aquele olha que ele lançava na sua sala tinha no fundo uma intenções  mais fundas.
- Eu vou almoçar com ele amanha você poderia vir junto.
- Eu adoraria.
Apesar de estar bem por fora, eu ainda não tinha certeza de como estava por dento, eu me sentia oca.

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